quarta-feira, 26 de julho de 2017

“Você gosta de beber sozinho?”

Meu pai tinha algumas frases que ficaram para sempre.
Essa era uma delas. Fazia quando estava no hotel (Duas Marias), ou num bar com amigos e alguma pessoa estava tomando uma cerveja sozinho em alguma mesa ao lado.
Se a resposta fosse negativa (geralmente era), ele convidava o individuo para sentar à sua mesa.
Fez muito isso. 
Porém, em duas ocasiões, essa brincadeira mudou a vida dos forasteiros.
Certa vez, no inicio do período de férias escolares no "Duas Marias", o hotel ainda estava vazio aguardando a chegada dos hóspedes.
Na época, final dos anos 70, meu pai estava abrindo ruas no condomínio e chegava ao final da tarde, depois de horas trabalhando nos tratores “seco” por uma cerveja gelada; normalmente acompanhado do Eduardo e do tio Beto.
Naquela tarde, lá pelas 16:30 um dos primeiros hospedes já havia chegado e estava tomando uma cerveja, solitário ao lado da piscina.
Como sempre, meu pai fez a tradicional pergunta e ele se juntou aos anfitriões. Como sempre o papo durou muitas cervejas (já que o tempo era medido assim).
Em outra ocasião (acho que no meio dos anos 70), estava num conhecido bar em Jaguariúna onde gostava de ir com meu tio Beto e ficavam horas tomando cerveja e jogando conversa fora.
Depois de algum tempo sentou perto deles um jovem solitário.
Meu pai fez a tradicional pergunta, e ele sentou à mesa do Macedão.
Contou que era médico recém-formado e estava tentando começar a vida em Pedreira (cidade vizinha). Como não se acostumou na cidade, estava voltando para São Paulo, para a casa dos pais para tentar algo lá.
O papo durou horas (ou muitas cervejas) e o rapaz interessou-se em conhecer melhor a cidade.
O resumo da ópera: O Doutor resolveu ficar em Jaguariúna.
Fez carreira, família, um bom pé de meia (muito bom, aliás...) e está até hoje na cidade.
O hospede do hotel? Comprou uma das primeiras casas que meu pai fez para vender nas “Duas Marias”, instalou-se por aqui e está hoje em Holambra.
Ficou tão amigo e companheiro do meu pai, que o velho dizia que era seu filho adotivo... o “Filhinho”.
Mas essa é outra história, para outro pôr de sol...
Na foto: Final dos anos 70; Macedão no bar da piscina, depois de um dia duro abrindo ruas no Condominio Duas Marias esperando uma companhia prá uma cervejinha.

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