sábado, 14 de junho de 2014

“Serei eu?”

A internet, mais precisamente o FaceBook é um perigo.
Principalmente no relacionamento de casais.
Outro dia minha mulher estava no computador, navegando pela rede social e abriu um desses banners que recebemos diariamente com mensagens de auto-estima, auto-ajuda, que às vezes até se tornam de autodestruição...
Ela ali, cotovelos apoiados na mesa, queixo apoiado nas mãos cruzadas, olhar fixo na tela e eu ao lado, vendo meu futebolzinho na televisão.
Começou a ler a mensagem que falava algo sobre desapego e no fim dizia para as pessoas jogarem fora tudo que não usa ou não funciona mais.
Nessa hora, ela virou lentamente a cabeça, de canto de olhos deu uma leve fitada em mim e esboçou um sorriso sarcástico.
Eu, assustado, só perguntei:
“Que foi !?!?!”

“Mentira ou mentirinha...”

Todo mundo mente.
Claro, nem todos são “mentirosos” de verdade, alguns poucos mentem descaradamente, constantemente ou enormemente.
Eu falo daquela mentirinha básica:
“Fala que eu saí...”
“Eu ia mesmo te ligar hoje!”
E a mais famosa:
“Hoje não,... estou com dor de cabeça...”
Algumas vezes a mentirinha pode te deixar em maus lençóis.
Por exemplo: o cara liga para o chefe e diz:
“Hoje não posso trabalhar por que estou muito doente”.
Mais tarde o chefe o encontra a pleno vapor num “Happy hour”.
Tem também aqueles que conseguem ter mais de quatro avós, porque já usou a desculpa de que ia ao enterro de “um” avô muito mais do que os quatro possíveis...
O mentiroso acaba perdendo a mão, e no fim se enrola todo.
Um quadro hipotético, baseado em texto de Luis Fernando Veríssimo:
O individuo diz para a mulher que está com preguiça de sair com o casal amigo, e pede para a mulher ligar e avisar que vão ficar em casa.
A mulher pergunta:
“E o que eu digo?”
“Ah... diz que eu estou passando mal”.
A mulher liga, e explica a situação para o casal amigo.
Inesperadamente, esse amigo se propõe a ajudar.
“O que ele tem? Precisa de médico?”
E insiste:
“Quer que eu o leve ao ponto-socorro?”
“Não, nada demais...”, disse a esposa do “enfermo”.
Mas o amigo continua, e preocupado, pega o carro e vai até o apartamento ver o “doente”.
E aí, a coisa vai se desenrolando, ou se enrolando cada vez mais, pois quando o amigo chega ao apartamento, a mulher diz que ele ... já foi até a farmácia, sim... foi até a farmácia!
O amigo pede para entrar e esperar.
O “doente” se esconde no quarto.
O amigo começa a ficar preocupado, pois ele não volta da farmácia, e resolve ir procurá-lo...
Que rolo!
Era melhor ter dito que não queria sair, pois estava cansado!
Agora, um quadro não hipotético:
Uma boa história de uma “mentirinha” que aconteceu com um amigo meu (uma duas em uma...).
Ele foi até a loja de uma grande marca de barcos comprar umas pecinhas para sua lancha.
Pouca coisa: uns ganchos e frisos.
Como estava lá, e era amigo de adolescência de um dos sócios da grande empresa, perguntou se ele estava.
A secretária pegou o telefone, falou algumas palavras inaudíveis, e disse que ele estava numa reunião.
Meu amigo então falou:
”Tudo bem, nada importante, só queria saber sobre os preços de um barco 38 ou 42 pés... mas volto outro dia”.
Quando estava entrando no carro, aparece o executivo, correndo atrás dele.
“Ô Fulano, tudo bem? Estava numa reunião, mas já terminou...”
Meu amigo virou e disse:
“Bobão, só queria te dar um abraço!”

Na foto: seja sincero... faça como a moça, não minta! rsrsrs

“Necas de pitibiribas...”

Minha filha fez as provas do ENEN no ultimo fim de semana.
No domingo, fiz questão de levá-la até o portão da Faculdade onde seria realizado o exame.
Em 1975, quando fiz meu primeiro vestibular, nem eu, e acho que nem meu pai tínhamos a idéia da dimensão que é um vestibular.
Mesmo sendo um Educador, dono de escola, meu pai não me levou até a porta da escola onde ia fazer a prova, nem providenciou alguém para me levar. Tinha que ir sozinho.
Fiz o antigo CECEA e o primeiro dia de exame era no domingo.
Eu não tinha idéia de como era um vestibular, muito menos de como chegar até o bairro da Casa Verde onde ficava a escola em que fui colocado.
Como disse, não tinha noção da importância daquele dia.
Só sabia que era no bairro exatamente do lado oposto da cidade em relação ao meu.
Naquela época os ônibus que eu pegava eram os elétricos (“suspensórios”) para ir ao centro, à Rua Augusta ou ao Frevo, bar que eu já era freguês; um “freguês - Junior” ainda, eu diria.
Às vezes pegava o Sacomã para ir ao Ibirapuera ver algum evento esportivo no Ginásio, ou ao Play Center com os amigos (nessa fui longe, hein?).
Lembrem-se, mais jovens, nessa época não existia celular, GPS e nem Google Maps.
É claro, que como dizia meu amigo Luís: “Isso não vai dar certo...” (ou não iria).
Acordo muito cedo, tomo um café da manhã e saio de casa quase como um “easy Rider”.
Quando desci do elevador do prédio é que comecei a pensar o que faria.
Minha estratégia seria: pegar um ônibus até o centro e de lá, pegando informações, ir até a Casa Verde.
Saio do prédio e tomo o rumo Norte (Casa Verde não fica na zona Norte?). Minha idéia era ir até a Avenida Europa para pegar o “suspensório” com destino ao centro.
Para falar verdade, posso dizer que estava completamente perdido, já achando que o meu CECEA ia “pras cucuias”.
Porém, sempre temos aquele dia especial, acho que o meu foi naquele domingo.
Quando atravesso a Avenida Cidade Jardim, quase como um “Zumbi” sem destino, um anjo apareceu...
Era a Dona Mara, mãe da minha amiga Elaine Rocha, que estaciona o seu famoso Galaxie azul e pergunta:
“Prá onde você vai?”
“Putz... meu local de exame é na Casa Verde!”
“Então sobe, que o da Elaine também é”
Salvo pelo gongo, digo, pelo Galaxie Azul, ou melhor, pela Dona Mara.
Ah, vocês querem saber se eu entrei na USP?
Se eu não estava preparado nem para chegar ao local do vestibular, imaginem para entrar na FAU?
“Necas de pitibiribas...”

Na foto: 1974, foto para o Vestibular e alistamento militar, fui "dispensado" nos dois...