terça-feira, 10 de janeiro de 2017

“Pequeno detalhe de um grande campeão”

Em 2010 o time do São Paulo, que jogou a Copa São Paulo hospedou-se por aproximadamente vinte dias hospedada no Hotel Duas Marias.
Uma organização e direção perfeitas.
Um exemplo: quando transitavam pelas dependências do Hotel, não podia ficar sem camisa ou sem o uniforme. Disciplina exemplar.
Todos com quem tive contato foram simpáticos.
Nos anos seguintes, Palmeiras, Corinthians e Santos também se hospedaram lá e alguns jogadores e dirigentes ficaram amigos dos meus sobrinhos, como os jogadores Gabigol, Neilton, ‘Batatinha”, Sergio Beresi (técnicos do são Paulo), (tecnico do santos), Pepinho (preparador Santos), além de preparadores.
Mas um fato chamou muito minha atenção.
Eu dou aulas nas quadras de tênis, bem acima dos campos de futebol, onde eram realizados os treinamentos diários.
Num manhã, lá pelas 11 horas terminou o treino e um dos preparadores disse:
“Estão liberados, meio dia e meia almoço!”
A molecada saiu rapidinho para a piscina ou para pegar seus celulares.
Menos três...
Quando todos correram, um jogador, chamado pelos companheiros disse:
“Vou ajudar o professor a guardar as coisas...”
Bolas, cones, cordas, etc.
Já havia ficado impressionado com a educação do rapaz quando batemos um papo na recepção do hotel, mas ali ele mostrou ser um cara de grupo, de equipe.
Quem era?
Casemiro, volante da seleção e campeão mundial em 2016 pelo Real Madrid.

Na foto: O volante em ação no Estádio Alfredo Chiavegatto, em Jaguariúna.

“O bom...”

Imagina um cara distraído.
Imagina um cara distraído e desligado.
Imagina um cara distraído, desligado e de bom coração, que confia nos outros.
Pois a estória que vou contar hoje é de uma cara assim.
Vou chamá-lo de “Jeremias” (inspirado no personagem do Ziraldo “Jeremias, o bom”).
Quase toda sexta feira Jeremias pegava a Rodovia dos Bandeirantes, sentido interior.
Ia passar o fim de semana na casa dos pais, que moravam numa pequena cidade perto de Campinas.
Sempre parava no primeiro posto para comprar uns pães para o final de semana, pois a casa dos seus pais vivia cheia.
Pão sovado, Italiano e o famoso pão com lingüiça para o aperitivo de sábado e domingo.
Numa sexta, depois de tomar seu café e comprar os pães, ao entrar no carro viu que precisava abastecer o automóvel.
Parou no posto ao lado e pediu para encher o tanque.
O frentista, enquanto enchia o tanque perguntou se ele ia até Campinas. Como a resposta foi positiva, pediu uma carona para um colega que acabara de deixar o turno.
Jeremias, como não poderia deixar de ser “Jeremias, o bom” disse que sim.
O rapaz entrou no carro e pegaram a Rodovia.
Até onde você vai?
“Até o “Frango Assado”, da Anhanguera, disse o carona”.
Menos de um quilometro depois de sair do posto, Jeremias perguntou se o jovem dirigia e se tinha carteira. Com a resposta afirmativa, pediu para ele assumir o volante, pois estava morrendo de sono.
“Me avise quando chegar ao Frango Assado...”, disse “Jere”. Abaixou um pouco o banco e caiu no sono, não sem antes deixar separado o dinheiro do pedágio, não queria ser acordado.
Depois de uns quarenta minutos, estacionamento do “Frango Assado” o motorista parou o carro, acordou Jeremias, agradeceu a carona e sumiu rumo às ruas de Vinhedo.

“Conde di Médici”



Em Janeiro de 1970 fiz uma viagem inesquecível.
Fui para o México e Estados Unidos num grupo de adolescentes do Liceu Eduardo Prado e do Pio XII.
O bando... digo, a turma era capitaneada pela Professora Vera do Liceu e a “Sister” Ângela, do Pio XII.
Um roteiro que acredito não existe mais, principalmente para um grupo de “pirralhos” entre 13 (eu) e 18 anos.
Cidade do México, Los Angeles, São Francisco, Cataratas do Niágara, Washington, Nova Iorque e Miami... ufa!
Todo circuito feito por avião.
Aconteceu muita coisa. Algumas estórias já contei aqui (a ultima foi “O segura velas” dias atrás).
No nosso terceiro dia na Cidade do México a “mulecada” resolveu que ia jantar num finíssimo restaurante. Tão fino, que a entrada só era permitida de “saco y corbata” para os homens.
À tarde, a Professora Vera ligou para o restaurante para fazer a reserva e nosso colega Marco Antonio Goulart o "Marquito", poliglota e conhecedor de gastronomia e enólogo (isso aos quinze anos!), pediu para falar.
Do nada, ele começou dizendo que era assessor de um tal “Conde di Médici” e queria fazer uma reserva para o nobre e sua comitiva de umas quinze pessoas.
Não contente, perguntou se alguém na casa falava Italiano para atende-lo; queria falar sobre menu e carta de vinhos.
E não é que realmente havia um Italiano de plantão!
A conversa durou alguns minutos, versando sobre pratos, entradas, vinhos e tudo que um Conde e sua comitiva esperam de um bom jantar.
Reserva feita e naquela noite chega ao luxuoso restaurante uma Freira, uma linda Professora, algumas meninas bem vestidas, os meninos de “saco y corbata” e nenhum Conde!

Na foto: 1970, eu nas piramides do México com a comitiva do "Conde"