Essa foto dos passageiros lendo jornal no trem, me remeteu aos anos 70 mais precisamente 77, 78 e 79.
Naqueles anos eu estudava Arquitetura em Mogi das Cruzes e aos sábados tinha aulas no período da manhã.
Durante a semana freqüentava o curso no período vespertino, ou como diziam, curso “espera marido” (no meu caso seria “espera esposa”?)
Em 1976 e até meados de 77 eu ia com “Margarida Paula Regina” * (1).
A partir do final de 1977, quando vendi meu carro, voltava de ônibus ou carona.
Quando voltava de ônibus intermunicipal ou numa carona que não viesse para perto do Itaim - Bibi onde morava, descia na estação Tiete e então pegava o metrô até a estação São Bento.
De lá tomava um ônibus que me deixasse na Augusta. Aí, almoçava num bar no Conjunto Nacional que tinha uma picanha com arroz e fritas delicioso, ou na maioria das vezes, um parmegiana com fritas no Frevo da Oscar Freire.
Depois de devidamente alimentado, pegava na Rua Augusta, o “busão” da linha “602” (Jóquei),que me deixava quase na porta de casa.
O mais marcante nos ônibus daquela linha eram os passageiros.
A maioria deles era de freqüentadores do hipódromo e usavam a linha para chegar ao Jóquei Clube, onde ficava o ponto final.
O “suspensório” * (2) descia a Rua Augusta, continuava na reta da rua que muda de nome... Rua Colômbia, Avenida Europa e finalmente Avenida Cidade Jardim. No trajeto iam embarcando muitos senhores que tinham a esperança de cravar um ou outro cavalo vencedor de algum páreo e se livrar das dívidas, normalmente contraídas justamente para ter uma graninha para as apostas.
O Renato Corte Real contava que o pai dele ia todos os anos, no dia de finados, depositar flores na escada do portão de entrada do Jóquei. Dizia que ali estava enterrado todo seu dinheiro!
No silencio daqueles saudosos ônibus elétricos, sem motor à combustão, eu reparava nos tipos.
Nas várias viagens que fiz entre a Augusta e o Itaim- Bibi, percebi que existia certo padrão naqueles homens.
Quase todos tinham entre cinqüenta e sessenta anos e cabelos grisalhos.
De camisa social e um surrado paletó, cuidadosamente dobrado num dos braços completando o traje obrigatório nos anos dourados.
Um guarda-chuva, já que em São Paulo nunca se sabe o que pode acontecer com o clima...
O jornal “Estadão”, aberto na página do turfe e dobrado de forma que pudessem anotar as barbadas ou “zebras”, com dicas que vinham através do radinho de pilha colado ao ouvido.
A atenção nas dicas era tanta, que nem levantavam a cabeça quando o ônibus dava aquela tradicional parada e o motorista descia para colocar as “alavancas” coletoras de energia que escapavam da rede elétrica, no lugar. Continuavam ligadíssimos no jornal e no radinho.
Não se falavam, apesar de eu achar que a maioria se conhecia de longa data.
Quando o ônibus chegava à esquina da Avenida Cidade Jardim com Rua Mario Ferraz eu descia.
Até hoje tenho uma dúvida na cabeça: será que algum daqueles senhores conseguiu sair daquela arapuca?
Naqueles anos eu estudava Arquitetura em Mogi das Cruzes e aos sábados tinha aulas no período da manhã.
Durante a semana freqüentava o curso no período vespertino, ou como diziam, curso “espera marido” (no meu caso seria “espera esposa”?)
Em 1976 e até meados de 77 eu ia com “Margarida Paula Regina” * (1).
A partir do final de 1977, quando vendi meu carro, voltava de ônibus ou carona.
Quando voltava de ônibus intermunicipal ou numa carona que não viesse para perto do Itaim - Bibi onde morava, descia na estação Tiete e então pegava o metrô até a estação São Bento.
De lá tomava um ônibus que me deixasse na Augusta. Aí, almoçava num bar no Conjunto Nacional que tinha uma picanha com arroz e fritas delicioso, ou na maioria das vezes, um parmegiana com fritas no Frevo da Oscar Freire.
Depois de devidamente alimentado, pegava na Rua Augusta, o “busão” da linha “602” (Jóquei),que me deixava quase na porta de casa.
O mais marcante nos ônibus daquela linha eram os passageiros.
A maioria deles era de freqüentadores do hipódromo e usavam a linha para chegar ao Jóquei Clube, onde ficava o ponto final.
O “suspensório” * (2) descia a Rua Augusta, continuava na reta da rua que muda de nome... Rua Colômbia, Avenida Europa e finalmente Avenida Cidade Jardim. No trajeto iam embarcando muitos senhores que tinham a esperança de cravar um ou outro cavalo vencedor de algum páreo e se livrar das dívidas, normalmente contraídas justamente para ter uma graninha para as apostas.
O Renato Corte Real contava que o pai dele ia todos os anos, no dia de finados, depositar flores na escada do portão de entrada do Jóquei. Dizia que ali estava enterrado todo seu dinheiro!
No silencio daqueles saudosos ônibus elétricos, sem motor à combustão, eu reparava nos tipos.
Nas várias viagens que fiz entre a Augusta e o Itaim- Bibi, percebi que existia certo padrão naqueles homens.
Quase todos tinham entre cinqüenta e sessenta anos e cabelos grisalhos.
De camisa social e um surrado paletó, cuidadosamente dobrado num dos braços completando o traje obrigatório nos anos dourados.
Um guarda-chuva, já que em São Paulo nunca se sabe o que pode acontecer com o clima...
O jornal “Estadão”, aberto na página do turfe e dobrado de forma que pudessem anotar as barbadas ou “zebras”, com dicas que vinham através do radinho de pilha colado ao ouvido.
A atenção nas dicas era tanta, que nem levantavam a cabeça quando o ônibus dava aquela tradicional parada e o motorista descia para colocar as “alavancas” coletoras de energia que escapavam da rede elétrica, no lugar. Continuavam ligadíssimos no jornal e no radinho.
Não se falavam, apesar de eu achar que a maioria se conhecia de longa data.
Quando o ônibus chegava à esquina da Avenida Cidade Jardim com Rua Mario Ferraz eu descia.
Até hoje tenho uma dúvida na cabeça: será que algum daqueles senhores conseguiu sair daquela arapuca?
*(1) – “Suspensório” era o apelido dos trólebus, devido às “antenas” ligadas a força.
*(2) – “Margarida Paula Regina” era o nome da minha Brasilia bege, 1976.
*(2) – “Margarida Paula Regina” era o nome da minha Brasilia bege, 1976.
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