quarta-feira, 16 de novembro de 2016

“No meu carro ninguém mexe!”

Nos últimos dez anos organizei dezenas de almoços e encontros de ex alunos, professores e funcionários do Liceu Eduardo Prado, escola em que meu pai foi diretor/proprietário por quase de vinte anos.
Mas na verdade eu gosto mesmo quando sou convidado para algum encontro, sem ter que organizá-lo.
Certa vez fui a um desses em São Paulo. Uma pequena turma do Científico (isso é velho!) ia se reunir e fui convidado.
Fui até a Capital no meu Fiat UNO Mille, empoeirado pelas estradas de terra do interior, sem vidro elétrico, sem ar condicionado ou “air-bag” e também quase sem gasolina, porque para variar era uma época de “vacas magras”.
Chegando lá, estacionei meu veículo pertinho do restaurante, preterindo os “vallets”, para economizar mais uma graninha.
Fui um dos primeiros a chegar e fiquei conversando com dois amigos no bar do restaurante, enquanto os outros iam entrando aos poucos.
Cada um que chegava era uma festa, alguns de nós não nos víamos desde a formatura, em 1974.
A turma foi crescendo e quando éramos uns onze ou doze, sentamos à mesa depois de uns aperitivos.
Minhas amigas estavam lindas, parecia que o tempo não havia passado para aquelas “meninas” do colégio, agora cincoentonas.
Não ligo muito para “status”, grana ou o que cada um faz ou tem, mas reparei que dos onze ou doze que ali estavam, uns oito ou nove eram bem ricos. É claro, que dos duros, eu era o melhor exemplar.
A conversa andava animada.
Viajei para Paris, Nova Iorque, Londres, Taiti...
Fui de Navio até a Antártida e Antártica!
“Cirque Du Soleil” em Las Vegas...
E eu, que mal “viajava” para Arthur Nogueira ou Santo Antonio de Posse, estava lá, de um trópico ao outro e sem precisar de passaporte ou visto!
De repente, um amigo, super simpático comentou:
“Você mora em Jaguariúna, não é? Quero ir um dia no seu Hotel” (fiz a ressalva: “do meu pai!”).
“Pois será um prazer”, eu disse.
“Tem lugar para pousar meu helicóptero?”, perguntou...
Depois da sobremesa e do cafezinho, achei que era hora de dizer tchau...
Tinha uma viagem de quase duas horas até Holambra no meu “Uninho”, mas do ano!
Perguntei discretamente pela conta e fui informado que um dos colegas havia pago a despesa de todos.
“Caraca!”, virei prá ele e disse, “Não faça isso... da próxima vez me avise, trago minha mulher e minhas filhas!”, gargalhada geral na mesa que começou a esvaziar.
No fim, na rua, em frente ao restaurante estávamos eu mais cinco “colegas” esperando os carros, que eram trazidos pelos “vallets”.
Entre uma reluzente perua Volvo e um Mercedes “úrtimo tipo”, como dizia meu tio, um dos manobristas pergunta:
“Qual é seu carro? Seu ticket...”
Rápido e rasteiro respondi:
“Obrigado, mas meu carro só eu dirijo!”

Na foto: esse Uninho da foto é só para ilustrar. O meu era igualzinho, mas com certeza estaria mais empoeirado...


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