sexta-feira, 15 de junho de 2012

"Trilha sonora"


Meu pai sempre gostou de música. Apesar de eu achar que ele não é um entendido de música como eu me “acho”, mas ele curte. Hoje, aos oitenta e sete anos, ele “baixa” musica no computador e tem um arquivo grande em tamanho e em ecletismo.
Desde pequeno, sempre ouvi música em casa.
No começo, eram os discos: Trini Lopes, Sinatra... até o dia que apareceu em casa um compacto duplo dos Beatles, com: “A Taste of honey”, “Twist and Shout”, “There’s a place” e “Do you want to know a secret”. Foi aí que comecei minha admiração pelo quatro de Liverpool e que vai ser importante e chave para o fechamento desse texto.
Como eu dizia, primeiro foram os discos de vinil; como meu pai é louco por novidades, ele colocou um “radio vitrola”, sim, uma “vitrolinha” no Simca Chambord e lá tocávamos os disquinhos. É claro que existiam alguns problemas com uma estrada esburacada, que fazia o disco pular e o fato dos discos ficarem dentro do carro, o que muitas vezes os deixavam tortos em virtude do calor.
Seguindo com as novidades, depois com as muitas viagens do meu pai para os EUA nos anos 60, apareceram os Tapes em cartucho (vocês lembram?). Além de um belo Tape de rolo marca Robert’s com entrada lateral para cartuchos, ele também colocou um tape de cartuchos no carro. Lembro que o cartucho mais ouvido era o do Bob Goldsboro com “Honey”. Até hoje sei a música inteira. Havia muitos outros, entre ele um do Herb Albert and Tijuana Brass.
Depois dos Cartuchos vieram as fitas cassete. Nos anos 70 ele trazia dos EUA e da Europa os últimos lançamentos e coisas novas, como três cassetes da Olivia Newton John que funcionam até hoje!
Paralelo aos cartuchos e cassetes, ele continuava trazendo discos de vinil. Sempre trazia os lançamentos e os primeiros lugares das paradas. Muitos, tenho até hoje.
Em 1974, ele trouxe o “Goodbye Yellow Brick Road”, do Elton John; era um disco duplo com capa tripla, com todas as letras, e ricamente ilustrado, que emprestei para uma amiga e depois de trinta e sete anos vim saber que ainda está vivo na casa de outra amiga do colégio com quem encontrei num desses almoços saudosistas que eu organizo.
Nessa época, como meu pai sabia que eu era fanático por Beatles, me trouxe em primeira mão o disco “Rock and Roll” de John Lennon, que só saiu aqui depois de alguns meses.
Toda essa introdução foi para contar que numa das suas ultimas viagens ele trouxe um CD com músicas dos Beatles (sim a evolução: vinil, cartucho, cassete e CD...). Sempre querendo me agradar, comprou em alguma liquidação uma caixa com três CDs de musicas dos Beatles em Orquestra.
Até que são arranjos legais, não rebuscados ou exagerados, até com certa fidelidade nas melodias, mas sempre tenho certa aversão a esse tipo de gravação.
Como não gosto de dizer que não gostei de alguma coisa sem experimentar, coloquei os discos para tocar no meu som e deitei no sofá.
Estava eu lá, de barriga para cima, com as mãos cruzadas sobre o peito e de olhos fechados, ouvindo aqueles arranjos suaves, me sentindo no “céu”, quando minha mulher passa, dá uma paradinha e fala:
“Legal, já temos discos para tocar no seu velório!”
Eu, hein?!

Na foto: A capa igual ao do meu primeiro disco dos Bealtes


Nenhum comentário: