sábado, 4 de abril de 2015

“Coroinha



Para falar a verdade, não sei como me classifico quanto à religião. 
Ateu, Agnóstico ou Católico desgarrado?
Sim, sou católico por parte de mãe e “nada” por parte de pai.
Porém, vocês podem não acreditar, mas já fui “Coroinha”!
Não daqueles que ajudam semanalmente nas missas ou vivem na Sacristia...
Fui apenas uma única vez.
Foi numa missa de aniversário da minha Avó materna na Igreja do Carmo, em Campinas. Eu devia ter uns dez ou onze anos e minha tia achou que eu devia ajudar na cerimônia, como meus dois primos fariam.
É claro que a primeira coisa que lhe veio à cabeça quando terminou de ler o parágrafo anterior foi: “imagino o Silvio com a roupinha de coroinha...”
Não, não colocamos roupa de coroinha, estávamos vestindo nossas roupas sociais mesmo... (ainda bem!)
Na oportunidade me foram dadas apenas duas missões, já que eu apesar de ir à missa todos os domingos por livre e espontânea obrigação, não conhecia as tarefas de um coroinha.
Aliás, uma eu sabia. Tocar o sininho!
Nós três queríamos tocar o sininho!
Então, chegamos a um acordo, cada um tocaria em uma vez.
A segunda e mais complexa, era passar a pesada Bíblia para o lado esquerdo do Padre na hora do evangelho (acho que era isso!).
Minutos antes do show, digo, da missa começar, me explicaram de longe como fazer:
“Pegue a Bíblia, passe por trás do Padre e coloque do lado esquerdo da mesa”.
Fácil, isso eu tiraria de letra...
Na hora do sino, fui perfeito!
Entrei na hora certa, não desafinei, não atrasei, não atravessei e toquei na intensidade pedida. Nota dez!
Chegou a hora da Bíblia. Alguém deu o sinal, e lá fui eu para minha missão.
Peguei a mesma, passei por trás do Padre e coloquei do lado esquerdo da mesa.
Perfeito!
Não?!
Quando passei por trás dele, coloquei o “livrão” na pontinha da mesa, que devia ter quase três metros.
Ele, de canto de boca disse:
“Mais perto!”
"Hein?" E coloquei um pouquinho mais perto....
“Mais...”, balbuciou.
Desloquei o livro mais um pouco.
Nessa hora ele desistiu e discretamente deu três passinhos laterais para chegar ao ponto certo para ler o capítulo do dia.
Para falar verdade, eu como futuro Arquiteto, achei aquele negócio dele ficar bem no meio da mesa muito “quadrado”, até diria “equilibrado” demais. Acho que no fundo quis dar um “toque” menos reto e mais “modernista” à cena.
É claro que depois dessa, nunca mais fui convidado para ser coroinha.
Na verdade, só anos depois, um pouco mais velho, e lendo essas noticias sobre Padres e coroinhas até me senti aliviado!
Eu, hein?!


Na foto: mesa do altar da igreja do Carmo, em Campinas. Sinceramente, vocês não acham um desperdício não usar totalmente o espaço dessa enorme mesa?

“Diferença de idade”

Esse negócio de diferença de idade é muito interessante e traz momentos que não esquecemos. Na maioria das vezes, hilários...
Quando algum aluno reclama do calor, que está cansado, ou ainda com alguma dor, eu digo: “é, quando eu chegar nessa idade acho que também ficarei assim!”
Detalhe, a maioria deles está na casa dos quarenta e eu já sou “5.8”!
É nos relacionamentos que a diferença de idade causa momentos engraçados.
Lembro que algumas vezes, quando eu tinha uns cinco anos, confundiam meu pai como sendo meu avô.
“Compre um para seu netinho". O netinho era eu!
É claro que uns trinta e cinco anos mais tarde seria a minha vez. Em algumas ocasiões falavam para a Fernanda: “vai lá com o Vovô...”
A única compensação foi o dia que uma senhora, muito bonita e elegante disse para a Fefê, ainda com uns dois anos: “Que avô enxuto e charmoso, hein!?”
Obviamente não desfiz o engano, só aproveitei o lado bom da coisa.
Às vezes é o contrário. Quando eu tinha dezenove anos, “ficava” com uma amiga de vinte e sete, foi o suficiente para a observação rápida e curta da Dona Zélia: “Ela é mais velha que você, né?”
Quando eu tinha uns vinte e cinco, e andava com uma menina de quinze, a observação foi mais curta e decisiva, dela... Da sacada do seu apartamento no centro de Campinas, meio sem assunto, caí na besteira de dizer: “Nossa! Eu pegava o bonde aqui para ir ao cinema!”
Resposta rápida da guria: “Putz, você andou de bonde?!”
Foi o suficiente para ver que aquilo não ia dar certo.
Mesmo sem fazer restrições (para mais ou para menos diferença de idade), no final encontrei, namorei e me apaixonei por uma “garota” da minha idade e estamos juntos até hoje.
Um parente casou-se com uma mulher bem mais jovem. Inevitável os “foras”...
Coisas mais ou menos como:
“Ele é seu pai?”
“Seu pai já pegou a encomenda...”
O importante é que levam na boa e são felizes.
Meu “parente” até teve um ”netinho”, digo, mais um filho.
Sempre preciso ser rápido nas respostas quando o assunto é idade, ou a diferença dela.
Uns meses atrás vi uma menina muito bonita que trabalha no comercio em Holambra e sem maldade, apenas por que tenho um olho clínico para isso, disse:
“Puxa, você já fez umas fotos? Tem um rosto bonito, deve fotografar bem!”. Tudo sem segundas intenções.
A conversa seguiu e caímos no papo de idade. Falei a minha, e ela, talvez imaginado já uma “terceira” intenção disse:
“Puxa, você tem idade para ser meu pai!”.
Como não perco oportunidade, emendei:
“Num sei... qual o nome da sua mãe?”
Na foto: nem mais nova, nem mais velha, encontrei uma contemporânea...(1986)

"Olha o selfie!"


Em 1991 ou 92 a Internet estava engatinhando.
As maquinas digitais não existiam, muito menos telefones celulares com câmera.
É claro que os “selfies” eram raros (apesar de eu ter um datado de 1967...)
Estava eu com a Mariana no Shopping Morumbi e tive um estalo:
“Vamos tirar uma foto prá Mamãe?” , que nessa hora estava trabalhando num escritório perto da Avenida Paulista.
Entramos numa cabine, e a Mari não estava entendendo bem. Acho que ela imaginava que ia aparecer um cara para bater a foto quando eu disse prá ela olhar no “buraquinho” à nossa frente.
Pronto, nunca me esquecerei desse dia, e o momento ficou gravado para sempre numa foto que guardo com carinho.