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No final dos anos 70 não existiam caixas eletrônicos.
Você tinha que sacar dinheiro no banco durante o expediente ou usava
cheque (em alguns lugares não era possível), ou ainda recorria a um
amigo.
Eu tinha um a quem recorria quando precisava de uma graninha
para uma esticada noturna em Sampa; para a ida a um cinema ou a um dos
estabelecimentos altamente freqüentados pelos Paulistanos na Rodovia
Raposo Tavares.
Sempre que a coisa ficava apertada, ia até a Rua
Oscar Freire, parava meu carro na frente do Frevo e “tirava” uma grana
no meu caixa eletrônico, o garçom “Zagallo”, que metia a mão no bolso,
tirava uma ou duas notas do que hoje seriam uns cem Reais, e me
emprestava. No dia seguinte eu ia lá e repunha o valor no meu “banco”
particular.
O Zagallo também me
salvava principalmente quando estava sem dinheiro e queria jantar com
uma “mina”. Tinha um sinal pré-estabelecido que significava um
“pendura”.
Quando acabava de jantar eu pedia a conta, levantava como
se fosse pagar no caixa e ele guardava a dolorosa no bolso do seu
paletó.
Grandes lembranças!
O Zagallo ainda fazia eu passar uma
vergonha quando chegava lá, normalmente acompanhado, e com uma fila
enorme ele me dava a maior bronca:
“Caramba, sua mesa está reserva há mais de uma hora e você não chega no horário. Assim você atrapalha meu serviço!”
Que nada, eu não tinha reserva alguma. Era uma maneira dele me passar
na frente. Muitos que estavam na fila, ainda davam risada da bronca que
eu levava...
Nessa época ia ao Frevo quase que diariamente. Em
algumas ocasiões mais de uma vez por dia; era lá que a turma se
encontrava depois dos solteiros darem um “role” e os “namorandos”
passavam depois de fazer a “lição de casa”.
O Zagallo nos deixou prematuramente no inicio dos anos 80, mas as lembranças ficam até hoje.
Na foto: o Frevo da Oscar. A mesma decoração de quando comecei a frequentar, ainda criaça...